Variedades

Anathema

Eu conheci a banda Anathema há pouco tempo e por acaso… Em maio do ano passado, minha musa, Anneke Van Giersberguen veio fazer um ‘show’ junto com o Danny Cavanagh e eu, como boa fã da Aneeke, fui pra ver ela. Danny abriu o show cantando algumas músicas do Anathema e eu estava sentada no bar eufórica para ver a Aneeke. Via ele cantar e a galera ir ao delírio e cantar junto enquanto eu não via a hora dela entrar no palco, mas gostei das músicas que ele tocou sozinho e, depois que a Anneke entrou, eles cantaram juntos músicas do Anathema e das bandas/projetos que a Anneke passou (The Gathering e Água de Anneke).

Curti o show e quando voltei pra casa resolvi pesquisar mais sobre a tal banda Anathema, coisa que eu poderia ter feito antes do show, já que eu vi no panfleto, mas que fiquei com preguiça. Baixei a discografia e a cada música que ouvia me arrependia mais de não ter escutado antes. Foi paixão ao primeiro acorde. Cd após cd eu ia me viciando e escolhendo minha música favorita. E sempre que eu encasqueto com uma banda é um Deus nos acuda, só ouço aquilo (ainda mais quando é banda nova). Quando fiquei sabendo que a banda faria show no Brasil quase infartei e, duas semanas depois que soube, vi, por acaso, no facebook que os ingressos já estavam sendo vendidos… Lá fui eu comprá-los. E aí que não parei mesmo de ouvir. Decorei todas as letras de todas as músicas, ouvia indo trabalhar, enquanto trabalhava e até fazendo a janta. Confesso que os primeiros álbuns não me agradaram, ouço mesmo do Alternative 4 pra frente. Nunca fui fã de Doom Metal e essas músicas mais “barulhentas”, e como ultimamente ando numa pegada mais “light” o som da banda, principalmente os últimos 3 álbuns, cairam como uma luva para se tornar a trilha sonora da minha vida.

Enfim chegado o grande dia do show. Eu estava exausta pois no dia anterior tinha acabado de desembarcar de uma viagem de uma semana e, na noite anterior à viagem, lá estava eu, na mesma casa, para ver outro show. O show da The Sirens, mas que conto em outro post. Cheguei por volta de 1:15h antes da abertura da casa porque queria pegar o melhor lugar que a pista pode oferecer: grade e no meio, ainda mais para mim que sou fotógrafa. Chegando lá uma decepção, a fila já estava gigantesca. Como estava sozinha, peguei uma cerveja e sentei no chão, onde fiquei até a casa abrir as portas, com uma hora de atraso.

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Chegando perto da entrada ouvi um dos caras da casa reclamando que a culpa era da banda, pois “eles vieram tocar e não trouxeram os pratos, tivemos que correr atrás de um jogo de pratos com uma banda amiga nossa, chegando aqui o baterista reclamou que eram muito grandes e tivemos que correr de novo atrás de outro jogo.” Passei direto, pois na noite anterior o mesmo senhor fez alguns comentários bem desagradáveis e não fui com a cara dele.

Entrei na casa e fui direto pra frente, que já estava lotada, e utilizando da tática: “com licença” e olhando como se estivesse procurando alguém fui me enfiando no meio do povo até conseguir chegar na grade. Infelizmente não foi o lugar que eu queria, fiquei bem na ponta e em frente as gigantescas caixas de som. Mas tudo bem, eu estava na grade e era isso que importava.

O show demorou bastante a começar e, quando a música de abertura começou, tocou por volta de quase 5 minutos e simplesmente parou. Pronto, foi aquele desespero dos fãs, blá blá blá pra tudo quanto é lado e eu só de olho no pessoal da mesa de som tentando resolver o problema. Depois de mais uns 5 minutos a música de abertura se inicia novamente e no final os integrantes começam a entrar no palco, abrindo o show com a música da banda “Anathema”. Foi uma euforia só. Em seguida tocaram “The last Song” parte 1 e 2 no qual eu me descabelava. Não sabia se cantava, se filmava, se tirava foto ou se chorava. Na parte 2 não teve jeito, desabei a chorar. Quando a música acabou, eu tentava respirar e enxugar as lágrimas e lá vem “Untouchable”, também parte 1 e 2, na hora desisti de enxugar as lágrimas. Cantava a todo pulmões a primeira música deles que ouvi e me apaixonei, enquanto as lágrimas desciam involuntariamente. Ao final da música, tentei respirar e, Danny começa o solo de “Thin Air” fazendo apenas os primeiros acordes e parando, fazendo uma piadinha “é brincadeirinha” vendo a reação de todos gritando ao reconhecer os primeiros acordes da música. Ele fingiu começar e parar umas duas vezes e rindo bastante do público eufórico para ouvir a música, na terceira vez, ele fechou o semblante e soltou a música.

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O calor estava insuportável, por várias vezes senti um grande mal estar, mas não arredei o pé do meu lugar por um segundo sequer. Alguém mais ali no meio também passou mal e o Danny, sempre muito simpático, cedeu uma de suas garrafas de água à pessoa, que não consegui ver se era homem ou mulher, perguntou se estava tudo bem e seguiu o show.

E lá veio ela, “Ariel”. Uma música que marcou um momento muito delicado da minha vida com uma letra, ao mesmo tempo que simples, muito significativa pra mim, e ali não tive forças pra nada, tentava cantar mas a voz não saia e eu apenas chorava. Ao final da música, mais uma vez me veio o mal estar e enquanto tocava “The Lost Song” parte 3 eu tentava me recompor.

E depois foi pura alegria. “The Beginning and the End”, “Universal” e “Closer” levantaram o público. Todos pulando e gritando muito e a banda fez uma pequena pausa. Entre uma música e outra o Vicent conversou bastante com os fãs, desde o pedido de desculpas pelo atraso do início do show, agradecimentos ao pessoal da equipe que trabalhou a tarde inteira tentando melhorar a acústica da casa, indiretas sobre a desorganização da casa e o intenso calor, no qual o James ficou quase que o show inteiro num cantinho do palco de frente um ventilador…

Na volta teve “Distant Satellites” e, antes de começar “A Natural Desaster”, Danny pediu que as luzes da casa se apaguassem e que todos ligassem as lanternas dos celulares para fazer a iluminação enquanto a Lee mostrava todo o seu potencial. Que voz perfeita! Foi de arrepiar.

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Ao final da música algumas pessoas começaram a gritar nomes de músicas que gostariam de ouvir e o Danny brinca mais uma vez: “Não interessa o que vocês estão pedindo, nós não vamos tocar, porque a música que vem a seguir vai fazer vocês pirarem” e realmente fez. “Deep”, um clássico do cd Judgemente, de 1999, que tem uma pegada totalmente diferente e mais pesada do que se havia tocado até então, mas que fez todos pularem ao ritmo da guitarra forte e destorcida e pular novamente quando o Vicent incentivou o povo: “Jump! Jump! Jump!”

Em seguida ele anuncia “One Last Goodbye” e pergunta se todos sabem o significado da música. Eu já não tinha mais lágrimas, mas vi muitas pessoas ao meu redor se acabarem de chorar. Uma breve pausa para todos recuperarem o fôlego e a saideira, mais que perfeita com “Fragile Dreams”. Ao final, para os agradecimentos uma música Rockabilly que não lembro o nome, o baterista fazendo a famosa foto de todo final de show e Vicent jogando sua jaqueta de couro pro povo do meio.

Como o show acabou mais tarde do que o esperado não quis ficar esperando a banda na saída mas, em outras resenhas que li, Danny, como sempre, saiu para tirar fotos e dar autógrafos, assim como fez antes do show, mas eu não tinha chegado ainda, a Lee também deu o ar da graça…

Gosto de shows “pequenos” exatamente por ter esse contato com o pessoal da banda depois do show, geralmente os shows não são tão lotados, casas pequenas proporcionam palcos mais baixos e mais perto do público… Porém as minhas considerações da casa não são diferentes das outras resenhas que li. No site a casa consta lotação de 500 pessoas, ao entrar na casa, papéis impressos e colados na parede indicam lotação máxima 800 pessoas e no dia deveria ter bem mais de 800. Não que a casa seja ruim, pois na noite anterior o show deveria ter uma média de 300 pessoas e estava super tranquilo, mas o pessoal que trouxe a banda pra cá subestimou os fãs achando que não iria lotar uma casa maior e abarrotou o pequeno Clash Club para Anathema e seus fãs. Como eu estava espremida na grade só consegui ter ideia da quantidade de pessoas quando vi a foto feita pelo John no final do show.

Enfim, foi uma experiência maravilhosa que pretendo fazer todas as vezes que a banda passar por aqui, só torcendo para nunca mais ter que voltar naquela casa.

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Gaby Vieira

Fotografia é minha profissão e minha paixão, para qualquer lugar que eu vá minha câmera sempre vai comigo. Amante do bom e velho rock 'n' roll e uma cerveja gelada na praça da esquina com as amigos e papos aleatórios, também sou viciada em filmes e seriados. E já fui a tia da merenda por quase 2 anos em uma escola. Experiência na qual nunca mais quero passar...