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A rede [in]social

Como diz a música dos Titãs: ” É que a televisão me deixou burro, muito burro demais”…Só vamos atualizar para internet, afinal o mundo muda, o mundo evolui…

E nos dias de hoje fico me perguntando, será mesmo que a rede social é tão social assim? Em um mundo paralelo, onde tudo, absolutamente tudo acontece na frente do computador (conversa com amigos, compras, pagamentos de contas e até mesmo namoros) acho que as pessoas perderam o poder do face-to-face.

Todos são super descolados, cheios de amigos e de opiniões na internet, mas quando o esquema acontece ali, na mesa de bar, você acaba percebendo que a pessoa não é tão “falante” assim, e as opiniões não são tão grandiosas quanto se pensava, e de repente você se depara naquele silêncio constrangedor onde para acabar com ele, acabam pegando o celular, com a desculpa de tirar uma foto para marcar o momento, e a outra pessoa, sem esboçar nenhuma reação, curte e comenta que está tudo maravilhoso.

E quanto aos “encontros” pela internet? Simplesmente terríveis… Com toda essa facilidade de ter uma “câmera compacta” no celular , no qual você tira a foto e posta… Na qual, aos dourados anos de mil novecentos e guaraná com rolha, assistíamos filmes e imaginávamos quando essa realidade chegaria em nossas mãos… Vídeos chamadas direto do celular, ali, na palma da sua mão, tudo acabou ficando mais banal ainda. Com a frase que viralizou os grupinhos de WhatssApp “manda nude” nem ao trabalho de se ver pessoalmente as pessoas tem mais. É um tal de manda nudes pra cá e pra lá que se você tiver sorte de conseguir encontrar essa pessoa no real, já não tem mais a mágica da tão “desejada” primeira vez.

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Você já viu tudo o que tinha que ver, não tem mais segredos, não tem mais aquele frio na barriga e aquela expectativa de “será que é como eu imagino”. Talvez por ter nascido antes dessa internet, eu seja antiquada demais para esse novo jeito de se relacionar, e sinceramente, não faço questão de evoluir. Gosto do proibido, do imaginar, da tensão e tudo aquilo que rola no cara a cara. Por mais que seja apenas mais uma conquista de final de semana perco totalmente o interesse se já sei quais terras estarei encontrando.

Quantas e quantas pessoas, das quais conheci pela internet, com vários assuntos polêmicos e risadas, conheci pessoalmente e não foi um terço daquilo que acontece atrás de telinha. As vezes chego a crer que as pessoas devem até procurar por palavras sofisticadas no nosso querido pai Google, porque no real, quando fala, solta aquele “nóis vai”… Não sei o que é pior, falar errado ou escrever “agente”.

Com essa avalanche de aplicativos e informações, todos falando ao mesmo tempo, acho que as pessoas desenvolveram o TDAH, pois é fácil você estar conversando com alguém e do nada a pessoa pegar o celular e começar a ler e responder mensagens, e como num estalar de dedos olhar para você e dizer “Desculpa, não entendi”.

Em mais uma de minhas aventuras “intergaláticas” por essa rede ‘social’ chamada Skype me deparo tendo uma conversa por webcam (porém apenas para vídeo) e a pessoa em si de desdobrando para responder minhas mensagens, dar atenção para os amigos do WhatsApp E assistir um filme de pelo menos 20 anos atrás.

Eu admito que tenho um sério problema com o celular. Não desgrudo, estou sempre mexendo, mas também sei  diferenciar quando é hora de deixá-lo de lado. Porém as vezes acho que sou a única. Talvez por isso esteja aqui, sozinha, escrevendo um texto pela madrugada. Porque às vezes acho que sou a única que vive fora da Matrix, que sou a única que gosta de conversar, que sou a única que não pede nude. Mas sabe de uma coisa… Ainda prefiro assim, porque apesar de me achar única, sei que não sou, e uma hora esbarro em alguém que também prefere o pessoal do que o virtual.

E você, de que lado da Matrix está?

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Gaby Vieira

Fotografia é minha profissão e minha paixão, para qualquer lugar que eu vá minha câmera sempre vai comigo. Amante do bom e velho rock 'n' roll e uma cerveja gelada na praça da esquina com as amigos e papos aleatórios, também sou viciada em filmes e seriados. E já fui a tia da merenda por quase 2 anos em uma escola. Experiência na qual nunca mais quero passar...